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Viveria tudo outra vez… | por Tio Piolho
Viveria tudo outra vez… | por Tio Piolho
Eu tenho a impressão de já ter dito tudo isso. Mas vamos lá.
O que é que me deixa tão intrigado desde o ano que comecei a trabalhar no Aru, os motivos rondam meus pensamentos. Eles vão e voltam… E eu continuo pensando…
“Vamos lá, cara, desenrola isso logo! Do que você está falando?“
Estou falando de aprendizado, de relações humanas, de vida e quem sabe de um movimento chamado Acampamento Aruanã.
Sentimentos em velocidade mil, e a afirmação que não quer calar… “Viveria tudo outra vez”. Pois é. Viveríamos tudo outra vez sim, mas a frase está no modo subjuntivo, quer dizer, é impossível viver tudo outra vez. Os mesmos rostos, as mesmas piadas (algumas se repetem), as mesmas ordens de brincadeiras e, inclusive, os imprevistos. Nada disso se repete, mas temos a certeza que a cada encontro, seja ele o primeiro, o quinto ou quem sabe o último, será inesquecível.
É bom que as coisas não se repitam, pois faz delas momentos mais especiais. E ainda bem que temos a frase “Viveria tudo outra vez”. Apenas como uma hipótese isenta de verdades. Pois no fundo sabemos que o que nos espera no futuro é algo de mais especial.
Como é mesmo aquela frase batida? O próximo encontro será melhor que o último e pior que os próximos dos próximos. A não ser que seja o último e então você vai entender o significado de fim, findar um ciclo, fechar o momento e guardar lembranças. Palavra tão forte, porém banalizada.
Que lembranças o Vale Encantado lhe trouxe?
Pense, colabore com meu texto. Mas posso sugerir algumas coisas?
Sorrisos, pense em um sorriso que você não poderia esquecer. Daquele monitor, maluco, animado demais, ou apenas carinhoso. Ou daquele acampante do pijama engraçado. Ou de alguém que você nem sabe o nome, mas, o sorriso… impossível de esquecer.
Ou que tal de um abraço, aquele mesmo, que te apertou ou poderia ter apertado mais para colocar tudo no lugar… Tão difícil de esquecer, que até pensamos como é possível.
Um joelho ralado, uma lágrima de saudade, o esforço que você fez para ficar sem celular, longe de casa e depois o esforço para fechar as malas com todas as lembranças dentro, daquela roupa suja de lama, aquela meia que o outro pé foi embora, ou quem sabe, de uma folha que você está levando de lembrança.
Lembranças complicadas estas…
Se lembra daquele momento que todo o grupo parou para ver uma Taturana diferente que cruzava o seu caminho? Era como se o mundo parasse para que tudo apenas a ser observado fosse a Taturana, ou os insetos que fossem.
Com isto tudo, quero dizer que ir ao Acampamento Aruanã me mostrou o que é ser professor. O real significado da palavra escola, vem do Grego Skholé “Tempo livre para estudo”. E os antigos professores cuidavam das crianças e lhe mostravam o mundo neste tempo livre.
Tempo livre para estudo
No Aruanã percebi que há o tempo livre para estudo em todo o acampamento. Estudo das relações humanas, da Biologia, das destrezas com a psicomotricidade fina e ampla, aprende-se linguagens, musicalização, matemática, administração de tempo, organização, história, geografia e até mesmo filosofia… Poderia listar todas, mas não haveria espaço.
São lições valiosas e que, como professor na escola mesmo, sempre foi muito difícil de ensinar. Mas no acampamento eu desenvolvi estas lições com muita facilidade, pois era aprendido e ensinado com a vida.
Contudo, a lição mais valiosa que quero destacar, é a da Saudade. Ela pode se parecer com um sentimento ruim. Mas abre os caminhos para voltar. E sem ela, tampouco ninguém pensaria na frase…
“Viveria tudo outra vez…”