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#45 Aruanews: Criança e Natureza 🐛
#45 Aruanews: Criança e Natureza
um prelúdio para adiar o fim do mundo
Um prelúdio para a conversa urgente sobre o nosso futuro, onde o sinal para entendermos o todo não é um grande evento, mas a estranheza dos detalhes: um inverno que parece ter esquecido seu próprio papel. É um alerta que nos sintoniza para uma realidade mais profunda.
“Aí eu me pergunto: como fazer a floresta existir em nós, em nossas casas, em nossos quintais? Podemos provocar o surgimento de uma experiência de florestania começando por contestar essa ordem urbana sanitária ao dizer: eu vou deixar o meu quintal cheio de mato, quero estudar a gramática dele.” (Ailton Krenak, Futuro Ancestral)
Setembro chegou, o segundo semestre engrenou, e o inverno se apresenta sem roteiro. Em vez de uma estação definida, vivemos uma montanha-russa de temperaturas: um dia nos lembra o verão; no outro, nos devolve a um frio profundo. É nessas horas que olhamos para essa confusão e nos perguntamos sobre o tal do aquecimento global. A verdade é que o nome “aquecimento” já não dá conta de explicar o que vemos pela janela, pois o que estamos vivendo é algo mais complexo. 🦗
É como se o clima da Terra fosse uma grande sala de aula com uma regra de convivência muito clara. Pense no Ártico como o “cantinho da calma“, um espaço que precisa se manter mais frio e tranquilo. A “regra”, combinada pela professora, é uma grande corrente de ar que garante que a energia e a agitação da turma do “parquinho” (as áreas mais quentes do planeta, o tal do fogo no parquinho) não invadam o cantinho da calma. O calor que nós geramos funciona como uma agitação extra na sala toda, fazendo com que a professora perca o foco e a regra seja esquecida.
#45 Aruanews: Criança e Natureza 🐛
Como se pode proteger um mundo com o qual já não se tem intimidade? E o que significa, de fato, estar presente? Essas foram as indagações que nortearam a fala de Carol e Laza na conversa e palestra deles no XIII Simpósio da ABAE, uma reflexão que nos convida a dar dez passos para trás, para longe da “vida sanitária” que nos encapsulou.
A conversa parte de um contraste que define nosso tempo: a tela e suas regras versus a natureza e sua ausência de regras. No digital, os caminhos são dados; na natureza, uma criança inventa seus próprios mundos, e um simples graveto pode se tornar personagem. É nesse espaço de liberdade que se aprende a “tomar as rédeas da própria vida”, um aprendizado que o digital não oferece. A proposta, então, é trocar a palavra “cuidado”, que paralisa, por “atenção”, que nos torna presentes e conscientes.
Estar presente. Essa parece ser a chave. A palestra ressoou como um chamado para sermos essa “referência de conexão”, pois a lógica é simples e brutal: ninguém defenderá o que não conhece, o que não sentiu, o que não viveu. O papel dos acampamentos, esses oásis de transformação, é justamente ser esse lugar onde se aprende a viver na natureza, vivendo-a. Não é sobre ensinar, é sobre permitir a intimidade.
No fim, a mensagem é que não se muda o mundo de uma só vez. A mudança acontece em cada memória criada, em cada olhar que passa a ver uma folha de um jeito novo. Cada criança reconectada é uma “revolução pequena, mas poderosíssima”. Porque, como eles nos lembraram, nós não estamos na natureza. Nós somos a natureza. E talvez essa seja a única presença que realmente importa.
Caminhando pelo Aru com a Yoda
Au, au. Suspiro. Enfim, me deram uma coluna. Depois de usarem minha imagem de influencer na Temporada de Férias, finalmente perceberam que este rostinho peludo também tem o que dizer. O Tio Piolho disse que, para começar, era para eu contar uma história bonita sobre o Vale Encantado. Justo. Afinal, toda história bonita por aqui começa comigo.
Para quem não me conhece, sou eu, a estrela de quatro patas do Aruanã. Uma linda cadela cor de creme com pelos que já foram mais sedosos, admito. Desde 2015, meu trabalho é um só: fazer a ronda diária com a Tia Luzia e conferir se todos os cheiros do vale estão em ordem.
Pois bem, em uma dessas inspeções, meu focinho, que já farejou mais histórias que muito livro por aí, detectou uma novidade. Um buraco. Mas não um buraco qualquer. Era uma toca cheia de filhotinhos de coelho, uma fofura que minhas perninhas até tremeram. Sabem por que eles estão aqui, seguros na praça? Porque aqui no Aru a gente deixa a natureza em paz. A grama cresce, os bichos fazem suas casas… é o que chamam de “respeitar o ciclo”, eu acho. Para mim, é só um bom lugar para encontrar vizinhos novos.
Meu primeiro instinto foi adotar um. Mas aí lembrei daqueles dois estabanados, o Chorão e o Max, que fariam um escarcéu. Então fiz que nem vi e guardei o segredo só para mim e para a Tia Lu. Agora, vocês também sabem. Mas, por favor, ajam com naturalidade. O Tio Piolho já está latindo aqui que meu tempo acabou. Até a próxima, se eu não estiver tirando uma soneca. 🐾
O Aru, as crianças e o nosso manifesto
Nosso maior projeto pode parecer uma utopia, mas é, na verdade, uma teimosia: a de acreditar em algo que o mundo parece ter esquecido. A preocupação e a ansiedade são respostas reais a uma realidade que vemos todos os dias: o afastamento entre as crianças e o mundo natural. Nossa missão é investigar essa ruptura. Onde e por que as crianças, que nascem como parte da terra, estão sendo ensinadas a viver fora dela?
Nosso objetivo, portanto, é mais que um projeto, é um manifesto diário e insistente para que essa conexão vital não se perca. Ele é guiado por uma verdade simples que vivemos aqui no Aruanã: Criança e Natureza são a mesma coisa. O que muitos chamam de sonho utópico, nós chamamos de trabalho. Um trabalho conjunto para naturalizar o que nunca deveria ter deixado de ser normal: o reencontro com a nossa própria natureza.
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Obrigado por estar com a gente até aqui. Nos vemos mês que vem!