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Carta do Muriqui | Dia da Mata Atlântica

Muriqui, muriqui, tu estavas aqui
Bem antes do europeu, bem antes do progresso
Teu alegre saltar entre ramos e ventos
Vai ficando tão longe. Onde estás, muriqui?
És apenas lembrança
De um tempo que eu não vi

Carlos Drummond de Andrade

 

Mata Atlântica, 27 de maio de 2022. 

Olá, brasileiras e brasileiros! 

Meu nome é Muriqui, eu sou um macaco e vivo na Mata Atlântica com mais 20 mil espécies de plantas e mais 384 espécies de mamíferos como eu. Sou chamado de “restaurador da floresta” porque todo dia eu espalho pelo menos 8 sementes de plantas diferentes. 

Sou o maior mamífero das Américas e da minha família só tem pouco mais de 1.200 indivíduos. Ou seja, já estamos em extinção. Um dos principais motivos pelo nosso desaparecimento é o desmatamento da Mata Atlântica.

Somos muito afetuosos e carinhosos, entre nossos grupos não existem dominantes, vivemos felizes e harmoniosos. Mas ainda temos desaparecido muito mesmo assim. 

Essa rica floresta onde moramos, hoje só possui 12,4% de sua totalidade original. Ainda é possível parar de diminuir esse belo Bioma e aqui você pode ver quanto de Mata Atlântica ainda existe na sua cidade. Mas eu não fico reclamando que tudo foi destruído, eu trabalho dia após dia espalhando sementes porque gosto e quanto mais árvores plantadas, mais o mundo ficará melhor!

Sem contar que a Mata Atlântica é possuidora de 9 bacias hidrográficas, você tem noção do quão importante isso é? São as formações vegetais dessa floresta que mantêm os cursos d’água de um complexo emaranhado de rios. Não só a vida dos animais está ameaçada, mas a dos seres humanos também.

Sei que existe uma Lei da Mata Atlântica que serve para tentar preservar a casa de tantos bichos e que ocupa cerca de 13% do território do Brasil e passa por 17 estados, ou seja, onde 72% dos brasileiros e brasileiras moram. 

Você sabia que há 30 mil anos atrás a Mata Atlântica era conectada com a Floresta Amazônica? Pois é! Era mesmo e depois da última glaciação, que é um grande resfriamento da Terra, elas se separaram. Os Povos Indígenas viveram bem nelas por muito tempo até que os Europeus chegaram e desde então a minha espécie precisa trabalhar arduamente para reflorestar o que os seres humanos desmatam.

Mas sei que sozinho não vou conseguir. As florestas são super importantes para a recarga dos mananciais. Elas equilibram o clima, melhoram e ajudam a manter o ecossistema e são a morada de muitas espécies de animais.  

Espero contar com a sua ajuda para manter a minha casa existindo e quem sabe voltar a aumentá-la. Garanto que todos se beneficiarão disso! 

Forte abraço carinhoso,
Muriqui

 

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